sexta-feira, 12 de agosto de 2011

GARTH ENNIS AFIRMA A 'MORTE' DA VERTIGO NA COMIC CON E DEIXA GRANT MORISSON SEM REAÇÃO

Um dos painéis da San Diego Comic-Con foi o dos artistas britânicos, onde estavam Grant Morrison, Garth Ennis, Dave Gibbons, David Lloyd, John Higgins e Alan Davis que conversaram com os fãs sobre a chegada dos europeus às HQ americanas, ou a “Invasão Britânica dos Quadrinhos” que foi o primeiro tópico.
David Lloyd (desenhista de V de Vingança), contou que foi contatado por Dick Giordano e Joe Orlando, grandes nomes da história da DC Comics, que queriam procurar novos talentos entre os europeus. Garth Ennis (Preacher e The Boys) comentou que com ele foi algo semelhante, mas não apreciava quadrinhos americanos até fazer parte da indústria. 

“A distribuição deste material na Irlanda era terrível, e eu acabava lendo e gostando do material que estes caras que estão aqui do meu lado faziam para as revistas britânicas, no entanto o mercado americano parecia ser um lugar melhor para se trabalhar. Tínhamos um tratamento melhor, melhor condições etc. As pessoas pareciam genuinamente comprometidas a lançarem um material bom, diferente do Reino Unido”.

O colorista John Higgins (Watchmen) afirmou que aquelas páginas coloridas e a força das ilustrações das revistas americanas dos anos 1960 e 1970 foram o que realmente lhe chamaram atenção. Já Lloyd contou que entrar no mundo das HQs americanas foi um exemplo de como havia gente fazendo um trabalho mediano em alguns títulos – “eu posso fazer melhor do que isso“, pensou. Alan Davis trabalhava em tempo integral para a 2000 A.D. e então foi convidado pela DC para fazer Batman e Os Renegados, o que abriu todas as portas do mercado americano para ele.

Em seguida o assunto foi o clássico Marvel vs. DC – em qual é melhor trabalhar? Morrison aproveitou a deixa e comentou que a Marvel tornou-se muito corporativa e restrita em suas revistas nos anos 80, enquanto a DC foi pelo caminho contrário fazendo coisas mais progressistas como Watchmen e Cavaleiro das Trevas. “Foi um timing perfeito” afirmou.
Ennis aproveitou e emendou um fator bastante curioso sobre a Marvel: “Até que Joe Quesada assumisse as coisas por lá a Marvel não tinha o menor interesse em fazer quadrinhos progressistas assim. A Marvel, no fim das contas, nunca deu o braço a torcer que eles querem fazer a mesma coisa pra sempre“. Gibbons relembrou como houve interesse da DC de fazer uma história baseada no Atari quando este video game explodiu – e como o tiro saiu pela culatra com o desinteresse instantâneo que foi gerado poucos meses depois.

Lloyd foi para outro lado afirmando que o problema das HQs é ser uma mídia juvenil, não adulta. “Eu gosto de trabalhar em coisas que fazem algo sobre a estrutura social” contou. “Nós (criadores do Reino Unido) levamos este aspecto social para o mainstream” disse Ennis. “Todo o material americano que tocava neste tipo de assunto era underground. Preacher teve muita coisa questionável sobre sentido de Jesus Cristo e Deus, mas com The Boys os vilões da coisa são os próprios super heróis. Eu os vejo como uma mistura de estrelas pop com políticos. The Boys acabou morto na DC porque mexia com o produto deles” completou o escritor irlandês.

“Acabou funcionando” emendou Morrison. “Antes de tudo o Superman lutava pelo homem comum, portanto era muito mais realista“. No pouco tempo que sobrou, os fãs tiveram a chance de perguntar algumas coisinhas para os criadores presentes. A pergunta final foi a mais relevante: “A indústria britânica tem salvação?“. Lloyd respondeu “não. As editoras britânicas não se importam com isso“. Todos os presentes concordaram.
Ennis aproveitou o que Lloyd disse para falar de coisas bem sérias sobre criadores britânicos nos Estados Unidos. “Acho que 2000 A.D. ainda vai resistir por um tempo. As reimpressões do material antigo estão bem, assim como filmes. Como se expande isso? Não sei. Sou o mais novo aqui e já tenho 41 anos. A Invasão Britânica, como é chamada, foi coisa do passado. Acho que os novos talentos de lá que vêm para a indústria americana estão presos aos quadrinhos de super heróis. A Marvel quer fazer a mesma coisa pra sempre. A Vertigo está morrendo sem direito a ressurreição. A DC está se tornando numa máquina de marketing“. Neste momento em que todos concordaram, Morrison ficou rápido e recusou-se a falar sobre o assunto.

Ennis então concluiu o painel de uma forma profética, negativista e controversa ao dizer: “Na DC Comics os contratos da Vertigo estão sendo jogados pelo ralo, de uma forma que quase mais nada tem algum atrativo. A Vertigo foi boa enquanto durou. Mas, felizmente, ela abriu as portas para os independentes, o que não existia antes. Para os britânicos não se tem mais muito o que fazer. Tivemos nossa época também“.


Agradecimentos ao site Multiverso DC http://www.multiversodc.com/v2/2011/08/garth-ennis-afirma-morte-da-vertigo-e-deixa-morrison-sem-reacao/.

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