“Eu estou farto de Quadrinhos e desgostoso com as práticas atuais da indústria dos quadrinhos.”
Numa recente entrevista ao repórter Adi Tantimedh, Alan Moore, sempre desbocado, comentou sobre as adaptações para filme de suas obras – principalmente Watchmen, e sobre sua relação atual com a DC.
Como já é de conhecimento dos fãs, Alan Moore foi roubado pela DC Comics, que o privou de muitos direitos de suas obras e, nesse sentido, faturou todo o dinheiro que teria que ir para ele.
Mas a mais recente jogada da editora foi devolver a Alan os direitos de Watchmen em troca de prelúdios, epílogos e materiais relacionados à revista. Até comentaram sobre um título próprio para ‘Os Contos do Cargueiro Negro’, interligando todos os pontos da HQ que se passava dentro da história de Watchmen. Moore quase concordou, mas mudou de ideia.
“Devo imaginar que se a Warner Brothers/DC está me oferecendo de volta os direitos já usados e presumivelmente bem gastos de Watchmen... e talvez alguns milhões de dólares, quem sabe - não se falou em quantia, mas tive a impressão de que seria algo nessa faixa - para comprar os direitos sobre os personagens, então isso indicaria que sim, Watchmen, como propriedade intelectual, do ponto de vista deles tenha chegado ao fim de sua vida natural... Mas as possibilidades de outras criações acessórias talvez fossem de valor considerável, e o que menos importa aí são os próprios quadrinhos".
Toda a negociação foi feita pelo “mensageiro” Dave Gibbons, desenhista de Watchmen, com quem Moore cortou relações. Gibbons estava ajudando a fazer a versão para o cinema da HQ. E não é segredo que Alan detesta tanto os filmes que impede até que seu nome seja indicado neles já que sua qualidade muito inferior e “não merecem o nome de Alan Moore”.
Porém não é por isso que a amizade entre os dois acabou, mas sim porque Alan, que havia concordado em deixar o filme sair desde que nenhum dinheiro da produção fosse para ele, fez um acordo: Dave lhe telefonaria no dia seguinte ao que recebesse o seu pagamento para mostrar que a amizade continuava e “agradecer o dinheiro que Alan lhe havia dado”. Dave nunca ligou. Assim como David Lloyd, desenhista de V de Vingança com quem Alan não conversa mais pelo mesmo motivo.
Outro caso polêmico é o do escritor e amigo Steve Moore que teve projetos cancelados pela DC no mesmo momento em que Alan decidiu não falar com a editora. Steve não trabalha há meses e precisa desesperadamente de dinheiro já que seu irmão está com uma doença terminal incurável. Alan acredita que essa é uma forma de retaliação a si próprio e chantagem para que trabalhe em troca de emprego para Steve.
“Então nós vamos tirar o dinheiro de seu amigo, cujo irmão está morrendo de Disfunção do neurônio motor. Parece-me que estão exercendo uma espécie de pressão em cima de mim com Steven e seu irmão. É execrável, é desumano.”
Fora isso, Grant Morison quer incorporar a DC variantes dos personagens da Charlton Comics que inspiraram Watchmen. Alguns deles já apareceram em Crise Final.
“Tenho um grande respeito por esse trabalho. Eu não quero vê-lo se prostituir. Esta tem sido sempre a minha posição. Eu não quero vê-lo transformado em uma série de livros baratos que não são nada como o WATCHMEN original e que não funcionariam se fossem desmontados. Esses personagens só funcionam como um conjunto. A história em quadrinhos sobre Doutor Manhattan seria realmente obtusa e chata. A sobre Rorschach seria muito infeliz. A união está em Watchmen, embora eu tenha certeza que existem pessoas lá fora, talvez na indústria, que gostariam de ser o artista ou o escritor de alguns especiais WATCHMEN, ou simplesmente ter seu nome ligado a uma propriedade de sucesso pela primeira vez na vida.”
A DC, segundo ele, está em crise financeira e intelectual. Por isso, precisam pegar coisas antigas e refazer para ver se conseguem vendas. Atualmente, ela está apostando em filmes, mas bons diretores como os de Batman têm outras ambições, e não farão esse trabalho para sempre.
“Com certeza há uma solução muito mais fácil do que todo este material clandestino. Simplesmente obter alguém de talento e lançar um livro que até o público fora dos quadrinhos possa achar tão interessante ou tão atraente como as coisas que eu escrevi há 25 anos. Não deve ser tão difícil, porque deveria? E isso resolveria muitos problemas. Eles devem ter um criador, em toda a indústria americana, que poderia fazer um trabalho equivalente a algo que já escrevi. Seria um insulto pensar que não há. É apenas uma sugestão minha de uma forma que DC poderia retirar-se deste impasse difícil, mas vamos ver.”
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