Em um trecho do livro Supergods, que acaba de sair nos EUA e Reino Unido, Grant Morrison está provocando polêmica tanto entre historiadores das HQs, quanto entre seus fãs. Morrison se refere a Jerry Siegel e Joe Shuster, os criadores do Superman.
Segundo ‘Supergods’, Siegel e Shuster venderam em 1938 Superman à National Publications (DC Comics) por apenas 130 dólares (o que é conhecido), mas interpreta ação como se estivessem “criando um produto para vender e imaginaram que poderiam criar outros maiores e melhores"; e também que só teriam se revoltado contra o valor pela criação em 1946, "quando perceberam quanta grana sua criação estava arrecadando". O escritor ainda compara-os a Bob Kane, co-criador do Batman, que teve melhor remuneração e participação nos lucros do que todos os outros artistas. Kane é definido por Grant como alguém que tinha "mais cabeça para negócios".
O primeiro a reclamar foi o crítico de quadrinhos Abhay Khosla, que diz que Morrisson não reconhece vários fatos documentados em torno da venda de Siegel e Shuster à National (fatos estes que, na visão de Khosla, comprovam que os dois foram passados para trás) e complementa que o "esquecimento" de Grant é interesseiro: serviria à DC no processo judicial que a editora enfrenta movido pelos herdeiros de Siegel e Shuster.
"Acho que tive sorte de crescer numa época em que as pessoas que faziam quadrinhos buscavam outros rótulos que não 'marionete corporativo”, Abhay Khosla.
E completa lembrando que Morrison tem "participação num projeto que pode ter sido criado para que as chances dos pais corporativos do Superman terem que dar dinheiro aos herdeiros de Siegel e Shuster sejam reduzidas", referindo-se à reformulação do herói para o relançamento do Universo DC já que é Morrison quem está trabalhando na nova Action Comics, que muda a origem do personagem.
O autor está sendo chamado de boneco da DC Comics como se vê na crítica do respeitado historiador dos quadrinhos Paul Gravett. Numa resenha do livro em seu site http://www.paulgravett.com/index.php/articles/article/grant_morrison/ Gravett mostra erros de Morrison como que Siegel e Shuster já haviam se manifestado em 1938 contra o injusto contrato, e não só na década seguinte - e também levanta a suspeita de que Supergods seja parte de uma estratégia da DC Comics de minar os herdeiros de Siegel e Shuster.
"Morrison prefere elevar o super-herói a um conceito indestrutível, quase uma entidade independente, auto efetivada, reconhecendo apenas por cima o lado comercial e sujo, e maquiando a exploração reinante (hoje e sempre) no mercado, e é por isso que ele decide escantear ou ignorar o motivo pelo qual eles devem sobreviver - a necessidade que têm de sempre gerar mais e mais dinheiro para seus proprietários corporativos e acionistas, sendo que uma percentagem de seus lucros arrecadados são para operários leais, como Morrison, que de alguma forma conseguem fazê-los vender." Paul Gravett.
A relação com a reformulação do UDC também parece clara para Gravett: "É mais do que coincidência ou do que um anúncio sincronizado que a história de Morrison e a de Superman encontrem-se ao final do livro, quando Morrison é contratado pelos tesoureiros da Desesperada Corporação para relançar sua Supermarca, numa nova Action Comics 1, o ‘revamp guy’ que lançou sua “obra” que na verdade é parte de um remake geral do Superman e que o prepara para seu novo filme".
Até o momento, Grant Morrison não se pronunciou quanto às críticas ao livro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário